A vista

~ Música de fundo: Ó Serpa, de Eurico Carrapatoso

Dia 1 de setembro, meia-noite. 

Eucísia, local de onde vos escrevo está deserta - os parcos habitantes desta freguesia, com idades aproximadas entre os 60 e os 98 anos estão recolhidos nos seus aposentos. Essa recolha para os seus aposentos começa às 19 horas, altura em que uns começam a cear, em que o sujeito que vos fala poderá a estar a assistir à novela brasileira da SIC. 

Estou na cama a rabiscar algo neste bloco de notas com a figura estampada do símbolo máximo da nossa Portugalidade, a Torre de Belém. A meu lado, encontra-se uma mesa de cabeceira com um rádio e uma ventoinha, para além ´de uma caixa de lenços e uma pilha de livros. A ventoinha, gira num ângulo de 180o graus, e, de vez em quando sopra vento para a minha cara com um olhar julgador à atividade que realizo sobre o caderno com o monumento estampado. 

Do outro lado (e de frente) está uma espécie de parede "comida" pelo tempo e cheia de gravuras de Foz-Côa feitas pela humidade. Esta parede é o reflexo do estado da saúde mental de alguns dos habitantes do mundo em que vivemos: por muitos estragos feitos, ainda se mantém firme e capaz de aguentar a edificação chamada vida. 

E é assim que começo esta aventura na escrita de um blogue, que irá ser utilizado como um diário público onde reflito acerca de assuntos direta ou indiretamente ligados aqui ao Je ou à atualidade, sempre com um propósito - tornar isto uma terapia para os tempos difíceis que aí vem. 

Mas é essencialmente para o meu uso, este blogue, onde poderei ser livre para dizer coisas sem ter o olhar julgador de pessoas ou sem demonstrar o meu ser chato físicamente. 

Este texto não teve ajuda de Inteligência Artificial. 


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